Vamos a um “suponhamos”. Suponhamos que aqui a totó até nem é
daquelas que diz “faz o que eu digo, não faças o que eu faço” e foi logo
a correr tratar de limpar e arrumar a casinha toda. Armário por
armário, gaveta por gaveta, bibelot por bibelot. As paredes e tetos
foram todos passados a lixivia, cortinados e tapetes lavados, tudo nos
trinques.
Com estas voltas todas há sempre objetos,
papéis, roupas, utensílios e lembranças que damos conta que estão cá por
casa sem terem qualquer utilidade. Ora o nosso amigo Fengas diz que o
entulho provoca energia estagnada, que atrapalha a prosperidade da casa.
E isso ninguém quer.
Portanto, das duas, três: ou vai para o lixo/reciclagem, ou é doado, ou é vendido, ou é colocado a uso. Pronto, são quatro.
Tudo
o que for jornais e revistas velhos, por exemplo, claro que vai direto
para o ecoponto azul. Electrodomésticos que já não funcionam vão para o
electrão. Utensílio, louças, ferramentas, móveis que já não use pode ser
tudo doado a instituições de caridade.
Depois há as
roupas e calçado. A mim custa horrores desfazer-me de qualquer item, por
mais insignificante que seja, destes dois grupos. Mas vá, é por uma
causa maior. Tudo o que esteja para aqui parado há pelo menos dois anos
(pronto três), não vale a pena guardar e só está a ocupar espaço. Força
totó, tu consegues!
Por fim, temos sempre em média 32,6
lembrancinhas de casamentos, baptizados, da tia-avó que nos veio visitar
e da amiga que foi a Bali e nos trouxe um íman para o frigorífico.
Estes casos mais sensíveis cada um trata à sua maneira. Eu estou
inclinada a pôr tudo numa caixa e extraditá-la directamente para o
sótão. Mas cheira-me que o meu mais recente amigo não vai gostar disso.
Pode ser que não dê por ela.
Com todas estas mudanças
começamos a abrir espaço na nossa vida para o novo, para novas energias,
para tudo o que é próspero e bom. Não posso é entusiasmar-me demais com
isto. Ainda chego ao fim e vejo que só fiquei com paredes, tecto, uma
mesa e uma cama.
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